Hugo Carvalho
Entrevista com o professor Hugo DM Carvalho, presidente da Sociedade Espírita “ Caminheiros do Bem “, nos contando sua experiência sobre a prática que vem adotando, com ótimos resultados, de ensinar seus alunos a valorizarem e orarem no início das suas aulas de Educação Física.
1- JE: Para quem ainda não o conhece, poderia se apresentar? Pois não minha querida irmã Jornalista... Atualmente e com muito orgulho da profissão de educador, sou conhecido como o professor Hugo, aquele que já está sendo conhecido como “o professor que faz a gente rezar”, pelos alunos da outras séries. Tive o privilégio de ser militar por quase dez anos, depois executivo de negócios em Brasília, gerente de vendas de várias empresas consagradas no mercado, corretor de seguros trabalhando junto ao Bradesco, Hsbc, Sul América e outras seguradoras, escritor e agora, professor concursado. Na prática do Educador como me sinto e já o fui de alunos de evangelização, jovens executivos de vendas que hoje são ótimos gerentes em diversos ramos, e de pessoas ao longo destes quase trinta anos de convívio dentro de uma Casa Espírita abençoada como é o nosso Caminheiros do Bem em Novo Hamburgo.
2 – JE: Isto tudo talvez é que tenha feito a diferença de ter se tornado um professor que não tenha medo de ser Cristão nos dias de hoje?
Com toda a certeza, porque vejo outros colegas querendo fazer o mesmo e tendo receio de se darem mal. Não julgo e nem critico ninguém, pois sei que o meu convívio semanal com as manifestações espirituais, grupos de estudo, palestras e práticas na caridade ao próximo, é que me dão esta base de tranqüilidade e fé para enfrentar e vencer os espíritos zombeteiros que estão afinizados com os alunos e os incitam a reagir negativamente durante a oração.
3 – JE: Quer dizer então que existem alunos sofrendo influências espirituais negativas em salas de aula?
Infelizmente, tem e muitos! Durante as orações, aqueles que não conseguem ficar com os olhos fechados, já me permitiram vivenciar várias vezes esses espíritos olhando para mim pelos olhos da sua vítima, transmitindo ódio e revolta, tentando me passar o medo que imaginam e tentando me amedrontar. Reajo com vibrações de um pai, de um irmão ou de um amigo que deseja ajuda-los verdadeiramente! A batalha de sentimentos dura quase um minuto e depois ele cede no olhar, baixando os olhos e eu finalizo a oração. Nunca os julgo e jamais comento com alguém. Respeito esses irmãos distanciados do verdadeiro amor que estão se vingando nos seus ex–agressores. São eles as vítimas do ontem, quando estes alunos na posição ilusória de patrões, políticos, e superiores socialmente a eles, os oprimiram, humilharam e geraram o ódio e a perseguição de hoje.
4- Como é seu procedimento normal então, para ajudar os visíveis e invisíveis dentro da sala de aula?
Desde o primeiro contato já procuro ser o paizão de todos. Entro na sala irradiando equilíbrio, e muito respeito através do olhar, das palavras e dos meus gestos. Ouço a todos, rio com eles, procuro fazer colocações que gerem bons quadros mentais e faço-os sentirem-se bem comigo. Peço que um deles faça a chamada e ao término sei que já falaram o que tinham que falar uns com os outros. Convido-os então a fazermos junto a nossa oração diária.
Ela é universal e eles são convidados a repetirem mentalmente e basicamente o que se resume nos seguintes dizeres:
Senhor Nosso Deus, Bondoso Pai! Nós que aqui nos encontramos usufruindo de todos os privilégios e mordomias do poder ver, falar, andar, abraçar, ouvir e estudar: nós que possuímos a benção de familiares convivendo conosco; nós que possuímos nossa cama, nosso almoço e nossa saúde, desejamos neste momento Vos agradecer tudo o que temos, tudo o que nos dás, pedindo que transmita esta nossa vibração para quem não tem o que nós temos, para os que estão acidentados neste momento, para os que estão em leitos de dor e sofrimentos, para aos jovens perdidos e drogados, para proteção dos nossos familiares queridos onde quer que estejam e para todo os que agora estão nesta escola. Que a Vossa Luz sempre esteja conosco Senhor, nos ensinando a nos tornarmos sempre merecedores do Vosso imenso Amor. Que Assim Seja, Amém!
As vibrações do Alto estão sempre presentes ao término da oração e então eles que já perceberam isto, agora respeitam e ficam mais ou menos um minuto em silêncio absorvendo as vibrações de paz que chegaram. Depois então comento o que iremos fazer em seguida na aula de Educação Física.
5 – JE: Eles nunca lhe perguntaram qual é a relação da oração com a aula de Educação Física?
Esta foi uma das primeiras perguntas que tive de responder. Expliquei então que Educação Física é o aprender a possuir saúde utilizando atividades físicas adequadas. E é aí que entra a oração, pois uma pessoa que conquistou a fé verdadeira em Deus é naturalmente muito mais equilibrada e vive sua vida com bom senso e alegria. Consequentemente demonstra e faz exercícios com aquisição de energias positivas e seu rendimento é superior ao daquele que não possuindo crença, nem paz, dificilmente obtém rendimento satisfatório.
Outro aspecto importante que saliento e é a conquista merecedora da proteção espiritual, pois a qualquer momento poderemos sofrer um acidente. Também, a de que estamos nos definindo em qual lado estamos, pois quem está com Deus, nada tem a temer do futuro. Mas, para aquele que ainda não descobriu o prazer da oração, que não quer se aproximar do seu Anjo de Guarda, naturalmente, está se dirigindo para conquistar com sua descrença, a companhia dos espíritos infelizes. Daí que poderão ser espíritos afinizados a eles, por causas diversas, como vícios, hábitos inferiores, e que se utilizam da mediunidade natural destes alunos para continuarem viciados e presos aos sentimentos infelizes que ostentavam antes da morte do seu abençoado corpo físico. A cada dia, mais percebo a valorização dos ensinos da Doutrina Espírita nos dias de hoje! Se todos a conhecessem, com certeza, nosso Planeta já seria bem mais elevado.
6 – JE: Como foi no início, a reação dos alunos quando solicitou que o acompanhassem na oração?
Foi de assombro, de zombaria, de descrença e de desprezo na minoria deles. A maioria, tanto dos grandes, como dos pequenos, gostaram da idéia. Os líderes negativos dos pequenos das 3ª e 4ª séries reagiram abertamente reclamando mais ou menos assim: ah! Não professor, ou ainda: eu não gosto de rezar. Tive então de salientar que um dia todos iremos morrer, nos acidentar, ou que nossos pais iriam morrer, ( aí diziam assustados: Deus me livre! Pára com isso professor! ) então lhes disse: E se vocês estiverem sozinhos neste momento, feliz será quem souber orar e se sentir amparado por Deus! Aí então fechavam os olhos se rendendo a oração.
Quanto aos mais velhos, das 5ª, 6ª e 9ª séries, disfarçadamente não fechavam os olhos, continuavam tentando se comunicarem entre si, fazendo caretas e sinais, o que me obrigou a utilizar o recurso de aguardar que todos valorizassem o momento da oração. Cheguei a lhes dizer que estava observando os que tinham problemas de domínio de si mesmos, por não conseguirem fechar seus olhos por dois minutos, e providenciar a presença dos seus pais, para lhes informar que seus filhos fossem fazer uma tomografia computadorizada, para comprovar se possuíam um distúrbio cerebral.
Foi cômico ver as reações. Pois fechavam os olhos com força e pararam de brincar no momento da oração. Em resumo, no início, demoravam em torno de 10 a 15 minutos para se prepararem. Agora, não mais que 5 minutos. E já aconteceu de me lembrarem de fazer a oração. Muitos depois nos intervalos se aproximam e comentam que gostam de orar; outras ainda, me perguntaram qual era a minha Igreja, pensando que eu era um Pastor Evangélico. Expliquei-lhes que era Espírita, que era da mesma religião do Chico Xavier, de Bezerra de Menezes; que tinha a honra de ser amigo de Divaldo Franco, e lhes falei da beleza da nossa Doutrina. Incentivei-as e as parabenizei-as por serem Cristãs e, ao perceberem que não seriam criticadas ou perseguidas por mim, seus corações falaram através dos seus sorrisos de satisfação.
Quase quatrocentos alunos estão aprendendo a orar conscientemente, sem a utilização da fé cega que mata e fanatiza.
Diariamente nos sentimos recompensados e agradecidos a Deus por estas oportunidades que estamos recebendo de ativarmos o verdadeiro amor pelos semelhantes nestes corações que estão desabrochando para a vida.
Agradeço também as iluminadas diretoras, suas equipes, e colegas que sempre me apoiaram nesta iniciativa. Por fim, a você Débora, ao site do Jornalismo Espírita que propagando esta atividade, provavelmente vá lançar sementes de júbilo e satisfação n’outros corações e mentes de Educadores desejosos de cooperarem para uma Humanidade mais feliz no dia de amanhã.
Assim Seja Bondoso Deus!