O Amor Não Tem Fronteiras
O Amor Não Tem Fronteiras
Em entrevista ao Site Jornalismo Espírita, Adjair Faria relata a sua experiência de levar mais do que livros, amor às pessoas.
- J.E. Quem é Adjair Fernandes de Faria?
Eu sou um comerciante mineiro de Uberlândia. Tenho 67 anos, sou casado e tenho 5 filhos.
- J.E. Como era a sua vida antes de conhecer o Espiritismo?
Eu trabalhava como bancário junto com minha esposa e nós só pensávamos em ganhar cada vez mais. Nos ocupávamos, como a maioria das pessoas, apenas com o lado material da vida. E, em 10 anos de trabalho nunca havíamos tirados um período de férias. Com isso, um certo dia, o presidente do banco veio até nós e nos convidou para irmos passear com ele em sua fazenda.
Bem, o que era para ser um simples passeio, se transformou no maior pesadelo de nossas vidas. Através da picada de um mosquito eu adquiri Maleida e Hepatite. Tinha um filho pequeno e minha esposa estava grávida de outro quando isso aconteceu. Como não cuidávamos da forma mais correta da saúde e eu tomava um remedia para combater o fígado e outro para atacar, em pouco tempo o médico nos chamou e quis me dar o atestado de óbito já porque eu tinha apenas 1% de chance de sobreviver.
- J.E. De que forma você venceu a doença?
Estava em casa descançando quando um conhecido meu que nunca havia ido a minha casa apareceu lá com um exemplar do Evangelho Segundo o Espiritismo pedindo que eu aceitasse o presente, fizesse a leitura do livro, o culto do Evangelho no Lar e aceitasse um Passe Magnético. Disse ainda que, sabia que eu estava passando por dificuldades, só que, somente eu, minha esposa e o médico sabíamos. Como eu não tinha nada a perder aceitei. Deitei na cama, ele pediu que eu abrisse o livro e a mensagem que saiu foi O Homem de Bem. Quando recebi o passe tive a sensação de que minha alma não cabia no corpo. Parecia que eu estava expandindo. Passei a fazer a leitura e o Evangelho no Lar com minha família todos os dias. Depois de 15 dias eu me sentia tão bem que realizei dois exames médicos que não apresentavam o menor sinal da doença. Como o médico era muito cético, nos chamou de falsificadores e exigiu um terceiro exame que, novamente não apresentou nada. A partir daí, minha vida nunca mais foi a mesma.
- J.E. Você continuou estudando o espiritismo ou desistiu depois?
Há mais de 40 anos eu estudo a Doutrina Espírita. Nunca mais eu e minha família dormimos uma noite se quer sem ler o Evangelho. Todos os dias, eu leio o Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns e o Livro dos Espíritos pelo menos 20 minutos ao acordar e antes de dormir.
- J.E. Como foi o seu primeiro contato com Francisco Cândido Xavier?
Conheci Chico Xavier em 1964. Me lembro como se fosse hoje. Eu acredito que, as gerações de 1950 para cá são as mais privilegiadas pelo exemplo de amor que Chico imortalizou através da sua vida. Com ele eu aprendi que, para fazer algo sério na vida, é preciso que se estudo e procure praticar três livros: O Livro dos Espíritos, o Livros dos Médiuns e o Evangelho Segundo o Espiritismo. Eles contêm a base de tudo o que você precisa saber. Sempre que íamos ver Chico observávamos que ao lado de sua cama tinha esses livros. A cada 10 anos precisávamos trocar os livros porque ficavam “ensebados” de tanto ele ler. Sinto alegria em ver que meus filhos cresceram espíritas e praticam isso até hoje.
- J.E. Qual foi a maneira que você recebeu essa missão de levar amor?
Minas Gerais passava por um de seus momentos mais críticos. A violência era tamanha que, os assaltos seguidos de morte e estupro um triste fato corriqueiro. Um dia, assaltaram meu filho e roubaram o carro dele. De certa forma, eu me senti aliviado porque, ele tinha um bom carro e isso chamava muito a atenção. Sentados em casa, prometemos que, se o carro do meu filho fosse achado, iríamos trocá-lo por um ônibus e viajar levando os livros ao encontro das pessoas. Porque, antes, mesmo dando descontos e levando direto em casa os livros, as pessoas não aproveitavam. Minutos depois o delegado nos liga dizendo que haviam encontrado o carro. Nos olhamos admirados e sentimos mais uma vez que, como nada ocorre por acaso, esse era mais um sinal. Fomos até um conhecido que vendia ônibus para escolher um. Ao entrar o terceiro ônibus eu senti que, seria ali o nosso começo.
- J.E. Conte uma das histórias que mais tocou você nesses anos todos pelas estradas?
Uma das maiores alegrias que tenho a contar é que, várias e
várias vezes, mulheres entravam aqui no ônibus com uma criança de alguns meses nas mãos e me perguntavam se eu sabia quem era. Ao balançar a cabeça dizendo que não, elas me contavam que, aquela era a criança que elas iriam matar mas, ao passar ao lado do ônibus, ler o convite para que, antes de realizar o aborto entrassem ali e ouviam as mensagens em áudio e os folhetos explicativos, perdiam a coragem.
- J.E. De que maneira você iniciou as mensagens?
Iniciamos as mensagens colocando em uns doze prédios mensagens sobre A Pena de Morte, Reencarnação e o Sofrimento. Por causa disso, as pessoas ficavam tão curiosas que compravam o Evangelho Segundo o Espiritismo e passavam a ler. Até hoje, já vendemos mais de 115.000 mil exemplares do Evangelho.
- J.E. Como surgiu a idéia de viajar pelo Brasil todo?
Percebemos que, as fronteiras de Minas Gerais precisavam ser ultrapassadas. Era necessário que fossemos ao encontro das pessoas porque a caridade deve ser vivida em toda a sua forma na prática.
- J.E. O ônibus já se tornou internacional?
Sim, por conta das viagens, já estivemos em Salto Del Guairá, Chuí e Rivera.
- J.E. Qual é a maior missão desse ônibus?
A maior missão do nosso ônibus é o Evangelho. Ler esse maravilhoso tesouro que nos foi passado por Jesus e que, os espíritos nos deixaram com lindos ensinamentos através de Kardec com certeza, é a nossa maior missão.
- J.E. Na sua opinião, qual é o maior obstáculo dos espíritas?
O maior problema dos espíritas é se descuidarem dos chamados que recebem. Não dar atenção aos avisos. Justo eles que, tem o conhecimento nas mãos.
- J.E. Como você vê a missão dos espíritas?
A missão dos espíritas é plantar sementes. Aonde formos, devemos sempre fazer pelo outro, aquilo que gostaríamos que a nós fosse feito. Não devemos nos preocupar mais em sermos amados do que em amar. Porque quando fazemos o bem ao próximo, nós somos os maiores beneficiados.
- J.E. Você já trabalhou dentro de uma casa espírita?
Sim, eu trabalhei em mesa mediúnica e com desobsessão. Mesmo assim, ainda não me considero espírita e sim, um estudante da Doutrina Espírita há mais de 40 anos.
- J.E. Qual o conselho que você tem vontade de deixar para os leitores do Jornalismo Espírita, aos Espíritas e a sociedade em geral?
Minha tristeza é ver que, os maiores depressivos são médiuns em potencial. Pessoas que, chegam em vários Centros Espíritas que, não realizam mais sessões de desobsessão e assim, deixam de atuar como deveriam. Outro dia, um senhor entrou no ônibus e me disse que, no Centro Espírita que ele freqüenta, não estão mais dando passes. É muito preocupante isso, o Espiritismo está sendo atacado pelas trevas e as pessoas, parecem fechar os olhos para esse fato alarmante. Os espíritas devem se unir. Acima de tudo, precisam cultivar o amor.